CURSO DE BÍBLIA PARA INICIANTES

AULA 17 - APOCALIPSE DE JOÃO.

Sete Visões das Taças do Furor (Ap 15,1-16,17)

COMO FOI DIVIDIDO?

XVI – Introdução às Sete Visões das Taças do Furor. (Ap 15,1-16,1)

João vê no céu outro sinal grande e maravilhoso: Sete Anjos com sete pragas. Ele informa que estas são as últimas,
pois bastarão para que o furor Deus seja consumado. Os que venceram a Besta se encontram sobre um mar de vidro
e fogo e cantam o cântico de Moisés e o cântico do Cordeiro:

“Grandes e maravilhosas são as tuas obras, ó Senhor Deus, todo-poderoso; teus caminhos são justos e
verdadeiros, ó Rei das nações. Quem não temeria, ó Senhor, e não glorificaria o teu nome? Sim! Só tu és
santo! Todas as nações virão prostrar-se diante de ti, pois tuas decisões se tornaram manifestas." (Ap 15,3-4).

O texto retoma Is 43,2 e Ex 15. A libertação do Egito. Como no caso do Egito, as pragas serão suficientes para alcançar
o objetivo. No Egito o objetivo era a libertação da escravidão, aqui a derrota de Roma e o fim das perseguições.
O texto de Isaías apresenta as provas por que terão de passar os vencedores:

“Quando cruzares as águas, eu estarei contigo, a correnteza não te afogará, quando passares pelo fogo,
a chama não te abrasará." (Is 43,2).

Depois disso, João viu abrir-se o templo da tenda do Testemunho que está no céu. Dele saíram sete Anjos com
as sete pragas. Vestiam linho puro, resplandecentes e cingidos com cintos de ouro. Um dos quatro Animais
entregou aos sete Anjos, sete taças de ouro, cheias do furor de Deus. O templo se encheu de fumaça por causa da
glória e do poder de Deus, de modo que ninguém podia entrar no templo até que as sete pragas estivessem
consumadas. Em seguida, o vidente ouviu uma voz que dizia:

“Ide e espalhai pela terra as sete taças do furor de Deus." (Ap 16,1).

O vidente identifica o templo com a tenda "do testemunho". Na tradição hebraica é a tenda "do encontro", onde
Deus marca encontro com Moisés e o povo. (Ex. 26,36)

A fumaça é a evocação da glória de Deus presente no templo, é o sinal da presença de Deus no meio do povo.

Os sete Anjos lembram os sete homens de Ez, 9. As sete taças lembram Is 51,17-22.

XVII – Sete Visões das Taças de Furor. (Ap 16,2-17)

João diz que viu então os sete anjos saírem:

O primeiro saiu e espalhou sua taça pela terra e uma úlcera maligna e dolorosa atingiu as pessoas que traziam a
marca da Besta e as que adoravam a sua imagem.

O segundo saiu e espalhou sua taça pelo mar e o mar se transformou em sangue, como de um morto, e todos os
seres que viviam no mar morreram.

O terceiro saiu e espalhou sua taça pelos rios e fontes, que se transformaram em sangue. O vidente diz que ouviu
a voz do Anjo das Águas dizer:

“Justo és, ‘Aquele-que-é e Aquele-que-será’, ó Santo, porque julgaste estas coisas; pois estes derramaram sangue
de santos e profetas, e tu lhes deste sangue para beber. Eles o merecem!” (Ap 16,5-6).

O quarto Anjo saiu e derramou sua taça sobre o sol e ao sol foi permitido abrasar os homens com fogo.
Os homens devido ao calor intenso puseram-se a blasfemar contra o nome de Deus, mas não se converteram.

O quinto saiu e derramou sua taça sobre o trono da Besta e seu reino ficou em trevas. Os homens mordiam a língua
por causa de sua dor e úlceras e dores; blasfemaram contra Deus, mas não se converteram de sua conduta.

O texto retoma temas sobre a libertação do Egito. Com isso, o autor afirma que os cristãos serão libertados do
jugo de Roma, como antes os hebreus foram libertados da escravidão no Egito.

As taças são derramadas uma após a outra e os temas vão recordando as pragas do Egito:

Chagas (Ex 9,10), sangue (Ex 7,17-21), trevas (Ex 10,21), tempestade (Ex 9), granizo (Ex 9,24).

Textos proféticos também são lembrados:

A voz possante (Is 66,6), a ira derramada (Jr 10,25 ; Ez 7,8), beber sangue (Is 49,26), etc.
Após a terceira taça o pedido dos mártires e santos de Ap 6,10 é atendido, numa menção à lei do talião:
“Olho por olho, dente por dente...” (Ex 21,26).

A resposta dos homens da terra, em vez de arrependimento, é blasfemar. Não há reconhecimento de culpa,
apenas revolta contra Deus. Assim, agrava-se a culpa.

O sexto Anjo derramou sua taça sobre o grande rio Eufrates e a água do rio secou, abrindo caminho aos reis
do oriente.

O rio Eufrates era uma defesa natural contra os Partos. Com o rio seco, os romanos perderiam esta proteção
e o caminho para estes guerreiros de arco e flecha em direção a Roma seria muito mais fácil.
Os partos já foram mencionados também em:

“Vi então aparecer um cavalo branco, cujo montador tinha um arco. Deram-lhe uma coroa e ele partiu, vitorioso
e para vencer.” (Ap 6,2).

“e dizia ao sexto Anjo, que estava com a trombeta:’Liberta os quatro Anjos que estão presos sobre o grande
rio Eufrates.’.” (Ap 9,14).

João, então, viu saírem da boca do Dragão, da boca da Besta e da Boca do falso profeta, três espíritos imundos,
espíritos de demônios, que fazendo maravilhas, buscaram com isto reunir todos os reis da terra para a guerra
do Grande Dia do Deus todo-poderoso.
Os espíritos reuniram todos no lugar que em hebraico se chama “Harmagedôn”.

É a reunião de todos os poderes da terra, de todas as nações pagãs que serão vencidas por Cristo. O local escolhido
pelo autor é a planície de Megido lugar onde o rei Josias foi derrotado (2 Rs 23,29s).
O local, desde então, se tornou um símbolo de desastre para os exércitos que ali se reúnem.

Em hebraico “har” significa “monte”. Magedôn seria outra grafia de Megido, magedon ou maggedo.
O termo “armagedon” não aparece em qualquer outro lugar da Bíblia. No entanto, megido é citado várias vezes.

( Fonte https://www.google.com/search?q=planicie+de+megido+imagens&ie=utf-8&oe=utf-8&client=firefox-b-ab)

O sétimo, finalmente, espalhou sua taça pelo ar e se ouviu uma forte voz que vinha do templo, dizendo:

“Está realizado!” (Ap 16,17).

Assim como em Ap 10,6 (sétimo selo):“Já não haverá mais tempo!”,

ou seja , esgotou-se o prazo do perdão, a sétima taça anuncia a queda de Roma.

Como veremos na TEOLOGIA DO APOCALIPSE, Aula 18, o último livro da Bíblia faz uma retomada de toda
a história da salvação, traçando paralelos entre o Antigo e o Novo Testamento.

Esta frase:“Está realizado!” ,seguida de terremotos, relâmpagos, vozes,etc. (Ap 16,18-21) nos remete a
Jo 19,28-30 e Mt 27, 50-53.

“Depois, sabendo Jesus que tudo estava consumado, disse, para que se cumprisse a Escritura até o fim:

‘ Tenho sede!’

Estava ali um vaso cheio de vinagre. Fixando, então, uma esponja embebida de vinagre numa vara, levaram-na
à sua boca. Quando Jesus tomou o vinagre, disse:

‘ ESTÁ CONSUMADO! ’

E inclinando a cabeça, entregou o espírito.” (Jo 19,28-30).

“Jesus, porém, tornando a dar um grande grito, entregou o espírito. Nisso o véu do Santuário se rasgou
em duas partes, de cima a baixo, a terra tremeu e as rochas se fenderam. Abriram-se os túmulos e muitos
corpos dos santos falecidos ressuscitaram. E, saindo dos túmulos após a ressurreição de Jesus, entraram
na Cidade Santa e foram vistos por muitos.” (Mt 27,50-53).

O Apocalipse é fonte de esperança para os cristãos, lembrando que a vitória sobre a perseguição de Roma se
dará como se deu a vitória na cruz.

Bibliografia:

- Biblia de Jerusalém – NT – Edições Paulinas - 1973

- Biblia de Jerusalém – Editora Paulus - 2014

- Biblia do Peregrino- NT - Editora Paulus - 2005

- Alfred Lappe –A Mensagem do Apocalipse para o Nosso Tempo – Ed.Paulinas -1971

- Alfred Lappe – Interpretação Atualizada e Catequese – Vol.04 – N.T. – Paulinas -1980

- A Comunidade do Discípulo Amado. - Raymond Edward Brown - Ed.Paulus -2013

- O Apocalipse de São João-Uma Chave de Leitura –Esperança de Um Povo que Luta- Frei Carlos Mesters-Edições Paulinas.

- Agora Entendo o Apocalipse – Antônio Guilherme Grings - Ed.La Salle -1976 -

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