LIVRO DA REVELAÇÃO



SITUAÇÃO HISTÓRICA: Rede de pequenas comunidades cristãs na região de Éfeso. Eram constituídas de pessoas das camadas inferiores da sociedade. Seus membros estavam sendo ameaçados de prisão, de maior exclusão economico-social ou até de morte, porque não participavam do culto ao Imperador. Na região havia templos e sacerdotes da deusa Roma e do deus Imperador. A imagem aí cultuada era a do deus Apolo, com as feições do Imperador atual.
O judaísmo de então, dominado pelos fariseus, era inimigo dos cristãos a quem chamavam de “hereges”. Os judeus-fariseus costumavam denunciar os cristãos judeus que não participavam do culto imperial, o que lhes poderia acarretar a prisão e até mesmo a morte. Dentro das comunidades cristãs alguns diziam que era possível conseguir um jeito de escapar disso, fosse até por uma participação meramente formal no culto imperial. Por resistir a qualquer concessão ao culto imperial, João, o missionário itinerante que acompanhava essas comunidades, está preso na ilha de Patmos. Dali ele envia o seu escrito para as suas comunidades.

ESTILO: Com Malaquias – dizia-se - estava encerrada a profecia. Deus não fala mais. As situações de sofrimento e opressão do povo de Deus exigem, porém, uma resposta, uma pista pelo menos. Aí surge a LITERATURA APOCALÍPTICA. Ascensão de Moisés, Testamento dos doze Patriarcas, Livro de Enoc, como extra-bíblicos, Daniel, boa parte de Ezequiel e Zacarias como bíblicos, são exemplos. São escritos pseudônimos ou com o nome de personagens famosos do passado, profetizando através de metáforas, símbolos e figuras, tudo o que iria acontecer (já aconteceu) do tempo daquele personagem até a situação atual, sugerindo, assim, uma saída para hoje.
Como no salto de obstáculos, você volta lá atrás e vem correndo para ganhar impulso, assim o apocalipse está "olhando o passado pra animar o presente em rumo ao futuro". Daniel é bem assim, assim também é Zacarias. Muitas de suas imagens ou visões são retomadas pelo Apocalipse de João.
Na situação em que está o autor e o povo das comunidades, ele só pode falar em figuras e símbolos que os “mandões” não vão entender, mas o povo pobre e perseguido entende. Isso dá coragem e melhora a autoestima do povo humilde que está sofrendo. É como as canções “Apesar de você”, “Pai, afasta de mim este cale-se”, “O samba do crioulo doido” e outras.


PRINCIPAIS FIGURAS OU SÍMBOLOS



NÚMEROS: 7 é plenitude; assim os sete espíritos de Deus = Espírito Santo
                     3,5 metade de sete, em anos, é tempo limitado (1 mais 2 tempos, mais meio, 42 meses, 1.260 dias)
                     12 Tribos - Apóstolos; 24 = 12 + 12
                     144 = 12 (tribos?) x 12 (clãs?)
                     1.000 é "uns mil", "de mil pra cima", grande número, não exatamente 999 + 1. Mil a-nos, dizia a tradição judaica, foi a duração do Paraíso.


                      666 = NRWN QSR
                                50 200 6 50   100 60 200
                                   Nero        César
URGÊNCIA, o que se anuncia é pra já. É o que vem logo depois dessa situação insus-tentável.
IDOLATRIA, comer carnes imoladas, prostituição, contaminar-se com mulheres etc. é ce-der ao Império, adorar o Imperador, participar do culto imperial.
CORES: Branco = vitória (vencedores de competições esportivas recebiam veste branca, coroa de louro e/ou palmas). Pode significar também o poder ou dominação do vitorioso.
               Vermelho = sangue, morte, violência, repressão, perseguição. “cor do fogo”.
               Preto = carestia, fome, miséria social.
               Verde = Peste, doenças, epidemias.
COROA = Troféu, prêmio
DIADEMA = Ornamento do rei, sinal de poder como o CETRO
O IMPESSOAL (Aquele que... Alguém... Foi dado...) = Deus
CHIFRE = Poder, força, domínio.
OLHOS = Conhecimento, inteligência, percepção, perspicácia.
CABELOS BRANCOS = Imortalidade, vida eterna.
MAR, ABISMO = O mar comunica-se c/ o sheol, a morada dos mortos. Pode ser o Mediterrâ-neo também, por onde chegavam os romanos e por onde saía a riqueza da região. - DE VIDRO, por onde se pode andar, MISTURADO COM FOGO lembra o Mar Vermelho, passagem dos hebreus libertados.
ANJO = A palavra grega significa mensageiro. É esse o papel que fazem em todos os apocalip-ses, são intermediários das mensagens. Além disso, cada pessoa tem um anjo, que é como uma reprodução, uma fotocópia daquela pessoa (At 12,5). No Apocalipse é como que a realidade ce-leste, protótipo da realidade terrestre assim como havia um exemplar celeste do Templo. O Anjo da Igreja ou da Comunidade seria, então, o exemplar celeste ou a realidade profunda e superior, como aquela comunidade é vista por Deus.
NICOLAÍTAS, BALAÃO, JESEBEL pessoas que queriam “fazer média”, participar do culto imperial e continuar cristãos. Nicolau significa “vence o povo”, Balaão, “devora o povo”, Jezabel, a mulher de Acab. Introduziu em Israel o culto de Baal, deus cananeu.
LEÃO, ÁGUIA, TOURO, HOMEM = O mais forte dos animais selvagens, a maior das aves, o mais forte dos animais domésticos, o mais forte dos humanos = Todos os seres vivos.
FERIDO OU MORTO QUE RETORNOU À VIDA É o imperador Domiciano. Corria lenda dizendo que ele era o Nero redivivo, ou recuperado.
ANTIGO TESTAMENTO: O Apocalipse vive de alusões ao Antigo Testamento.
CÉU X TERRA: São, antes de tudo, dois lados da mesma realidade, o lado ideal ou divino e o lado terrestre, humano, real, deste mundo. A realidade que se vê e a que Deus vê. O que existe e o que se espera.




UM RESUMO DO LIVRO



As Comunidade do Apocalipse



As 7 Comunidades:(1-3) A Visão do Cristo no meio das comunidades. As comunidades reais, terrenas, os 7 candelabros e as comunidades do sonho, do céu, as 7 estrelas.
Avaliação das comunidades: Críticas, o que há de ruim, e elogios, o que há de bom em cada comunidade.

Primeira parte(4-11)

O livro da História:Quem abre o livro da História, escrito por dentro e por fora?
                                 Que quer dizer isso?
Os 4 cavalos e o Império Romano: Branco, a vitória, a conquista do mundo.
                                                             Vermelho, o poder se sustenta com sangue.
                                                             Preto, a exploração gera carestia, crise, fome.
                                                             Verde, resultado, as doenças, as epidemias.
As trombetas, o castigo do Império.
A 7ª Trombeta, chegou o Reinado de Deus!

Segunda parte

12- No céu, na visão de Deus, a luta da Mulher (Eva, Maria, as comunidades cristãs) contra o Dragão, a serpente antiga.
13- Na terra, como a gente vê, a luta da fera (o império), “quem é igual à fera?” contra os cristãos, “Quem é igual a Deus?”, Mi-ka-El.
14-19 A Vitória do Cordeiro e a derrota do Império, da grande prostituta, da Babilônia.
20- A derrota do dragão.
21-22- A Igreja (a humanidade) dos sonhos, desce para a terra a realidade do céu.